quarta-feira, julho 05, 2006

Vaidade

"Vanity is definitely my favorite sin."

Hoje é dia estou a viajar em momentos incomuns... e com referências cinematográficas, olha que maravilha. Eu tava no banho e começou...
A vaidade. Não pensei no ato de se embelezar, de escolher aquela blusa que de deixa maravilhosa, nem a maquiagem caríssima para não parecer maquiada. Acho que pensei na vaidade mais próxima do pecado capital. Se produzir é mais um carinho, você se cuidando para si mesmo, para se sentir bem, se mimar.
Pensei muito nos outros atos de vaidade. Aquela vontade de parecer a última coca cola do deserto, de se sentir necessário, simplesmente para poder dizer que sim. De usar os outros como um jogo para se promover, sendo que nem se sabe exatamente o motivo, ser estrela porque deve ser massa.
Tá, a origem mesmo da filosofia foi quando eu pensava sobre a comoção que a copa causou. Como nós, a seleção quase hexa pode perder? Afinal, o título já era nosso, quem seria melhor? E por conta disso ouvi neguinho falando barbaridades, humilhando as outras seleções, fazendo piadas bestas, e até exageradas ("ha, vamos mandar os imundos franceses pra casa"). Somos vaidosos com nossos títulos, afinal é nesse momento que somos reconhecidos e enaltecidos. É o nosso momento de glória.
Só que é a glória por si só, ela é vazia, não tem reflexos no nosso dia a dia (somente os feriados a mais). Não levam a nenhuma melhora, não promovem nada a não ser o comércio de bandeirinhas e cerveja.
Pois é essa vaidade que é o problema. Colocar uma banca só pela glória de poder dizer "Fiz porque posso, porque sou o mais esperto, o mais gostoso, o mais algo".
Acho que essa onda de auto promoção funciona bem pra esconder a insegurança, a auto estima baixa (por mais que odeie esse conceito que caiu no senso comum), o complexo de inferioridade.
É foda ver um sujeito fazendo merda só pra colocar a banca de que pode, de que ele que comanda o barraco, mas ao final, se olhar por debaixo dos panos, você vê aquela criaturinha frágil que teima em mudar. Prefere se envaidecer de seus atos e seguir no mesmo caminho, que todo o resto do mundo sabe muito bem aonde vai dar (o poço, na melhor das hipóteses). Se alimenta daqueles momentos por cima da carne seca pra esquecer tudo que ele acha que não é. Mostrar pro outros (e talvez tentar se convencer) que é mais, mostrar o que gostaria de ser mas não consegue, ou não quer tentar ser. Será que o marketing nasceu assim?
Volta o exemplo do Brasil e a copa. Somos os maiorais no futebol... ok, e o pessoal morrendo de fome? E a corrupção? E a palhaçada dos presídios que mandam nas cidades? Queremos acreditar que somos campeões, mas de que?
E pra esquecer todo o resto corremos pra ela, de braços abertos... que venha a vaidade.

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