De 0 a 1000 Em 5 Segundos

Ontem foi um dia montanha russa no trabalho.
Cheguei cansada, tava na clínica desde as 7 da matina, mas tudo tranquilo.
Recebi um abacaxi tremendo que me fez ir da pasmaceira ao ódio instantaneamente. Xinguei minha ex chefe, disse que tudo ali era uma porcaria, que nossos usuários são um bando de sem vergonha, qua o dono da creche era um safado, que político não presta... Tudo que em geral consigo calar normalmente.
Nossa, sentia meu corpo tremendo, algo que só a mais legitima reação de ira pode causar.
No minuto seguinte do xilique fui contar pra minha estagiária sobre as épocas da faculdade, ai vem a nova faceta: a mestra, articulando conhecimentos e experiências, dividindo todo aquele incrível mundo das lembranças.
Clic... mais um minuto. Lembrei de uma velhinha que vi na psiquiatria do hospital de base, e quando percebo já estou com a voz embargada, olhos cheios d´água, comovida mesmo.
Logo logo tava fazendo piada com as lições de matemática criativa, uma das matérias mais importantes para a compreensão das estatísticas do meu trabalho (oh povo burro... 2+4= 20, sendo que o 20 é 14).
Coitada da estagiária, deve acreditar que sou louca...
Crenças a parte, saquei a justificativa padrão para esse tipo de situação: "TPM é foda, né...."
TPM nada. De fato estou naqueles dias, mas sei muito bem que isso não é motivador de nada. Já tava tudo lá, só que bem retido. Sempre achei que os hormônios em fúria desse período só tem um efeito real: eles tiram aquela covardia cotidiana que temos para demonstrar nossos sentimentos. A máscara afrouxa (e talvez uns parafusos também), eu acho.
Passou pela cabeça foi... Passou pelo coração e ta lá aquela cara que não deixa negar. É uma intensidade que aprendemos a controlar pelo bem coletivo.
Bem é o caramba, queria aprender a tacar o foda-se desse jeito com ou sem TPM. Meu fígado agradeceria...