sexta-feira, março 09, 2007

O Imbecil Coletivo - Parte 1

Estou me divertindo com esse livro. Muitas idéias juntas, muitos argumentos fantásticos, muita coisa pra pensar. Quando terminar escrevo minha opinião. Por agora parei em algumas frases, nem sei se no contexto que o livro apresenta, mas que ficaram reverberando.

"Certas pessoas não abdicam do erro porque devem a ele a sua existência" - Goethe

Nossa, como vejo isso no dia a dia. Trabalho com gente há um bom tempo (fora os horários vagos, nos quais inevitavelmente dou uma olhada crítica ao redor). Como os erros se tornam ótimas desculpas de vida. No livro a frase estava mais direcionada à questão da rigidez de pensamento dos intelectuais, só que foi imposível não extrapolar pra outros lados.
Errar é humano, permanecer no erro é burrice, sempre ouvi isso. Mas quantos de nós insistem em ser burros? O que justifica continuar no erro? Como isso se torna parte de nós mesmos?
Fiquei pensando nas ilusões que criamos para suportar nossos erros e torná-los justificáveis, quase uma garantia para os próximos. E como esse círculo vicioso se instala na vida tão facilmente.
"Errei!! Poxa, desculpa!!!"
"Nossa!!! Errei de novo, caramba, foi mal!!" Depois de um tempo vira algo do tipo: "Ah, mas você sabe que eu sou assim mesmo...devo ter algum problema... pobre de mim, nunca consigo fazer nada certo mesmo..."
Pronto! Afastei toda a culpa e responsabilidade por meus atos. Parece mais fácil se assumir doente do que enfrentar a necessidade de mudança, de abrir mão de um desejo banal, ou simplesmente se controlar. Arriscar não vale a pena?
Sempre penso muito nesse tipo de rotina auto indulgente de pensamentos: o encontrar todas as justificativas do mundo pra minhas "pequenas" barabaridades e nem sequer pensar em não praticá-las. Seria simples, não? Bom, é só olhar pra dentro e ao redor e perceber que a resposta não é tão fácil assim. A cada dia nos tornamos "errradores" compulsivos e reincidentes.
O que me leva a outra frase fantástica...

"O homem deve ter coragem de ser bom quando tudo em volta o induz a ser mau."-
Lipot Szondi

Como falta coragem nos dias de hoje. É muito mais fácil seguir a corrente, por mais torta que seja, e fazer aquilo que é esperado. O problema é que se espera o pior nesses casos. Alguns princípios foram enterrados há tempos e se espera que nos adaptemos ao novo modus operandi do mundo. Os valores se adaptaram a exigências absurdas, erradas mesmo, mas que pelo hábito ou pelo lugar comum se tornaram normais. "É assim mesmo, como esperar algo diferente?"
Cansa muito nadar contra maré, cansa muito dizer não ao erro, principalmente quando esse erro se tornou "normal" aos olhos da maioria. Tudo faz parte, tudo pode ter uma justificativa (o lance de virar parte da existência, né?).
A facilidade em errar e a permissividade que impera são cativantes.

"Perdemos no corpo e não lucramos no espírito: transmitimos, na íntegra, o legado da nossa miséria, da nossa confusão e da nossa vacuidade." - Olavo de Carvalho

Essa última dispensa comentários.

Pessimista não? Ou será que apenas realista demais?

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