terça-feira, outubro 28, 2008

As Novas Pulseirinhas da Jade

Na época em que passava a novela O Clone virou moda usar a tal da pulseirinha que a Jade tinha, aquela unida a um anel, cheia de penduricalhos. As aulas de dança do ventre bombaram, todo mundo queria aprender a tremer como a Giovana Antonelli e qualquer uma que conseguia rebolar como se estivesse com o pé ligado na tomada estava dando aula por ai.
Mas esse evento não era novidade, novelas sempre foram parâmetro para os novos modismos e comportamentos. O corte/ cor de cabelo (tudo aquilo que uma semana antes era a coisa mais brega da face da Terra), a saia esquisita, a música que gruda como chiclete, gírias, muitas gírias e bordões.
Se repararmos bem, as novelas da Globo entraram em decadência. Não houveram mais grandes tramas que prendiam as pessoas. O esquema de Você Decide (o público que decide o final, de acordo com a empatia com esse ou aquele personagem) tornou o apelo da teledramaturgia meio fraquinho. Ainda existem bordões e modinhas, mas não tão fortes quanto antes. Os grandes autores, clássicos, são substituídos no meio da novela porque não estão dando Ibope. Um bando de atorzinho meia boca virou astro, atriz tem que ser gostosa e pronto, tá famosa.
Quem copiar, então? Como preencher o vazio deixado por aqueles modelos de conduta e relacionamento?
Infelizmente já temos o substituto: o Jornal Nacional.
Quando a Isabela foi jogada pela janela, passamos semanas acompanhando as notícias dos "copycats". Era menino voando (defenestrados...nunca pensei que usaria essa palavra na vida) pelo país. Agora, é a onda de namorados, ex-namorados, cornos, platônicos pegarem os alvos de sua "paixão" e meter um balaço na testa, fazer família de refém... Todo tipo de crime que vira notícia, em seguida tem um monte de caso igual na sequencia. Que é isso? Vontade de ficar famoso?
Eu cresci numa época em que os pais tiravam os filhos da frente da Tv em algumas cenas da novela, porque eram muito fortes e inapropriadas. Hoje, o DFTV, na hora do almoço, exibe as reportagens sobre os assassinatos que aconteceram (note o plural: assassinatoS, que acontecem quase diariamente), mostrando um cadáver coberto de sangue e jornais e o vídeo de câmeras de segurança mostrando o momento do crime. Melhor, ainda explicam com detalhes cada um, quase como um manual de "Faça você mesmo" de crimes caseiros. Sob a desculpa de "liberdade de expressão" são mostradas coisas que nem em filme do Jason era exibido. E aquele que se levantar contra isso é um fascista, que defende a censura, e a ditadura, e a repressão...
Pessoas pelo menos instruídas ainda podem se valer de um mínimo senso crítico e apenas se chocar com o que é passado. Mas é evidente que nos dias de hoje, senso crítico e instrução são artigos raros no mercado. E ai temos um terreno fértil para todo tipo de besteira que é vendido, como idéia, como jeito de ser ou mesmo como forma de contestação. E tudo que aparece na Tv, por mais que acompanhado por uma cara de reprovação da Fátima Bernardes, parece se tornar válido e aceito dentro do esquema social. Choca, gera um monte de análises de "especialistas", comoção pública, debates acalorados e cai em esquecimento, porque é normal...

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