quinta-feira, outubro 23, 2008

No Kids!

Engraçado encontrar uma reportagem sobre o livro acima hoje.
Minha colega de trabalho amanheceu no hospital para dar a luz ao seu primeiro filho. Acompanhei as últimas semanas dessa gestação. É um momento curioso. Você ver uma barriga monumental, que se mexe a toda hora, parecendo ter vontade própria. Perceber que todos que conversam com a grávida tem uma história para contar, sobre quando amamentou, sobre como o bico do peito racha, que o leite empedra... Saber que o bebê cresce horrores, e a cada pré natal ele ganhou quase meio quilo. A preocupação se vai ser parto normal ou não, os presentinhos de todo tipo...
Confesso que foi curiosa essa experiência. Mas de verdade, só reforçou a minha idéia de que não rola filhos na minha vida.
Voltando à reportagem sobre o livro, achei fantástico finalmente ver alguém levantando essa bandeira, e colocando as coisas em termos bem simples e duros: crianças são chatas e custosas, além de comprometeram pra sempre a vida da pobre da mãe.
Desde os 12 anos de idade falo que não vou ter filhos. O primeiro motivo que apresentei, naquela idade, foi a mera possibilidade de vingança contra a mãe natureza que me fazia menstruar todo mês (pense numa criança que ficou revoltada com a menarca).
O tempo foi passando, e quando comecei a defender publicamente a idéia de no kids começaram os comentários padrão: você é muito nova, vai mudar de idéia logo logo. Lá pelos 18 anos, ter filhos só significava uma coisa: perder completamente minha liberdade e todas as oportunidades de farra pro resto da vida (fora ser expulsa de casa, como meu pai verbalizou de uma forma muito direta uma vez). Isso sem contar o adeus à vida universitária, e consequentemente vida profissional.
Já aos vinte e poucos anos, por uma ironia do destino, fui atender crianças no meu consultório. Sim, eu continuava detestando crianças, mas o atendimento delas era divertido. Confesso que me apaixonei por cada criança que atendi, com seus problemas e birras. Mas a parte mais linda dessa relação era aquele momento mágico em que você olha pra criança e diz com toda ternura: "Dá tchau pra tia!! Vai com a mamãe!"
Nesse ponto, já tinha outros argumentos para a vida sem filhos pelo menos pra mim: não estava pronta para me dedicar a uma criança, não tinha espaço para esse tipo de responsabilidade na minha vida, falta de habilidade maternal.
Era até complicado quando alguém me dava a notícia de que fulana estava grávida... Automaticamente vinha aquela expressão de pena, de pesar mesmo, do tipo: se fudeu...
Mais um pouco de tempo, e nada do tal instinto maternal aflorar.
E ai comecei a analisar mesmo o fato. Parei para perceber que a idéia que as pessoas cultivam de mães são as coisas mais cruéis da face da Terra. É só dar uma olhada em qualquer novela do Manoel Carlos para se ter uma apresentação didática disto: mãe é aquela que dá sua vida pelo filho, não importa o que tenha que fazer. Deve renunciar a tudo, inclusive a sua felicidade, em função do parido, mesmo que este seja um filho da puta. A felicidade do filho substitui qualquer anseio de realização pessoal, desejo, paixão.
E de verdade, ainda é assim. A mulher perde sua condição de mulher no momento em que se torna mãe. Esse conceito deve ser maior, universal, fechando toda a vida pregressa. A coitada podia ser uma rampeira sem a menor categoria, mas quando vira mãe... ai ai, todo o passado está perdoado.
Nesse ponto de análise, ganhei mais um argumento: não estou nem um pouco disposta a abrir mão de nada meu em função de uma criança.
Mas essa fala causa um turbilhão de reações negativas. As pessoas não falam diretamente, mas pensam: que mulherzinha egoísta!
Talvez eu seja mais altruísta que muitas mães por acaso, porque estou consciente da minha não vontade de procriar e não fico botando menino no mundo por pressão social, ou pior, pra não ficar sozinha.
Hoje, quase com 31 anos, posso dizer que todas as previsões erraram: não mudei de idéia, não quero filhos. Não acho que minha realização como mulher está em volta do meu útero. Continuo não achando a menor graça em crianças (principalmente as de hoje, que copiam o odiável mundo Disney Channel).
Percebi que não saberia criar outra pessoa. Meus cães e gatos são as criaturas mais fofas, mimadas e neuróticas do mundo, imagine o que seria um filho? Um monstro sem limites, desses que aponto na rua e critico. Se por outro lado, conseguisse repetir os acertos dos meus pais, padeceria ao ver que criei alguém que é diferente dos outros, que será discriminado por seu jeito diferente ou por suas idiossincrasias. Talvez se mais pessoas percebessem a responsabilidade que é ter um filho e as implicações disto na sua vida, e de sua prole, os consultórios de terapia infantil ficassem mais vazios (o que é uma criança de 3 anos em atendimento com crise de ansiedade? Acho isso um resultado absurdo de uma criação inapropriada).
Engraçado que não me preocupo mais com defender a idéia, só me acostumei que ela é real pra mim... E toda vez que minha chefe pergunta quando vou ter um bebê abro o maior sorriso do mundo, dou três batidinhas na madeira, e respondo: NUNCA!


Em tempo, achei 20 das 40 razões para não ter filhos... como me deu uma preguiça monmental de traduzir, ta aí a versão em inglês mesmo:

You can wave goodbye to all this ... 20 reasons not to have children

— Childbirth is torture

— You will become a mobile feeding bottle

— You will struggle to continue having fun yourself

— You will lose touch with your friends

— You will have to learn a language of idiots to communicate with your children

— Your children will kill your desire

— Children sound the death knell of the couple

— Having children is conformist

— Children are expensive

— You will be duped into thinking that there is such a thing as a perfect child

— You will inevitably be disappointed by your own child

— You will be expected to be a mother before you are a professional and a woman

— Families are a nightmare

— Children will put the seal on your childhood dreams

— You can’t stop yourself wanting complete happiness for your progeny

— Staying at home to look after children is breathtakingly dull

— You have to choose between motherhood and professional success

— When a child appears, the father disappears

— There are already too many children on the planet Children are dangerous. They will take you to court without a second thought


PS: o melhor das reportagens a respeito é ler os comentários sobre... cada pérola...

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