quinta-feira, dezembro 11, 2008

Troque Seu Psicólogo Por Um Amigo... Gay

Sempre falo que o destino da profissão do psicólogo é pouco animador.
Quando estamos com uma dorzinha esquisita, um mal estar súbito, corremos pro médico. Mesmo que isso signifique pagar 200 reais por 10 minutos de uma consultinha fajuta, fria e pouco esclarecedora.
Se o dente ameaça incomodar... dentista! Mesmo com fobia, não tem como evitar...
O psicólogo ainda é um supérfluo. Depois de décadas sendo "artigo" de consumo de doidos, começou a ser reconhecido como algo até bom. Mas não é uma prioridade. Em geral, as pessoas chegam a um psicólogo quando já adiaram essa decisão ao máximo, quando já não possuem mais nenhuma alternativa, e ainda assim perguntam logo de cara: quanto tempo vou ficar aqui? Os convênios normalmente colocam um limite de sessões por ano, pagar particular parece um gasto exorbitante.
Falta a real compreensão do que é um processo terapêutico. Comum encontrar um cliente que espera todo o suporte emocional do mundo e um conselheiro gabaritado que vai solucionar todos seus problemas.
Uma professora minha falou uma vez que você sabe que a terapia que está fazendo é boa quando sai arrasado da sessão. Nesse espaço de terapia, você vai ver todos seus padrôes de comportamento, todos seus erros e responsabilidades sendo expostos e discutidos, pra que você encontre e alcance uma real modificação. É claro que há momentos de apoio, de suporte, mas o papel do psicólogo está longe de conselheiro, com lencinhos de papel prontamente disponibilizados. Em muitos momentos, ele será até seu carrasco, mostrando seus mecanismos de defesa e auto-desculpas pra permancer num mesmo papel.
"Mulheres trocam psicólogo por amigo gay" - esta foi uma super notícia que li hoje (http://g1.globo.com/Noticias/SaoPaulo/0,,MUL918259-5605,00-MULHERES+TROCAM+PSICOLOGO+POR+AMIGO+GAY.html)
Complicado. Na notícia vários depoimentos tentam mostrar que esse não é o caminho, mas a constatação desse fato mostra algo que já é real. E perpetua uma visão antiga, e equivocada, do papel da terapia.
Sempre defendo que estamos num mundo solitário. As relações são cada vez mais distantes e frias, geralmente mediadas por computadores. Ao mesmo tempo, encontramos pessoas desesperadas por estabelecer vínculos, achar um ponto de referência, um porto seguro, pelo menos um. Não é por acaso que fim de namoro tem parado em página policial com tanta frequência.
Mas afinidade e intimidade, não substituem psicólogo... Amizade não significa solução de problemas.
Terapêutico, mas não terapia... bom lema...

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